Qualquer pessoa com pretensões artísticas - seja ela um gênio, alguém esforçado, ou simplesmente um curioso - teve ou terá algum dia o desejo de fazer um auto-retrato. Alguns artistas renomados tem a sua biografia relacionada aos vários exemplos produzidos ao longo de suas vidas, ao passo que gente com menor grau de vaidade - pois todo "pseudo-artista" é um pouco vaidoso, mesmo aqueles que combinam tênis de lona com paletó - se contenta em registrar suas feições por apenas uma vez.
Por vezes, um auto-retrato pode registrar, melhor do que uma foto, o momento que seu autor atravessa, mesmo que sua habilidade para representar cada detalhe seja tolhida pela falta de prática ou orientação de algum mestre. Em 1997, o rapaz magro e pensativo da ilustração acima estava passando pelos últimos semestres da faculdade de arquitetura, absorvido pelas incertezas do futuro iminente, que equivalia ao início da carreira profissional. Que direção seguir? Que prioridades tomar? Será que o caminho escolhido foi correto? Muitas perguntas que apenas o tempo poderia responder.
Os cabelos dão sinais de que um dia vão cair. As cadeiras de madeira na varanda lentamente ganham estrias, graças aos respingos da chuva e do sol, ano após ano. Certezas se cristalizam mas outras perguntas se apresentam. Depois de tantas jornadas é bom poder fixar os olhos neste auto-retrato e através dele conversar com o garoto do passado, que um dia imaginou como estaria dali adiante. "Pode seguir em frente amigo" - de algum modo essa mensagem, dita agora, foi ouvida naquele dia, na forma de um sentimento que chamam de intuição.
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