Cada vez mais se introduz o modismo na construção e decoração de espaços comerciais e residenciais. É uma questão delicada, pois perseguir a vanguarda da moda costuma ser uma corrida sem vencedores, pelo menos na arquitetura. É que entre a impressão final do projeto e a entrega da chave do imóvel, muitas especificações da obra já deixaram de ser novidade, resultando quase sempre numa edificação datada.
Felizmente existem exceções, especialmente no campo das luzes e cores. Algo que as fábricas não conseguem reproduzir e que as mídias, por elas patrocinadas, não costumam dar atenção. Trata-se da arte dos vitrais, um ofício cada vez mais raro e associado ao ambiente religioso, mas que confere um caráter atemporal e único nas mais diferentes soluções arquitetônicas, sejam elas residenciais ou comerciais.
Falar em vitrais no Brasil, sem mencionar Ton Geuer, é como escrever sobre a história da pintura nacional e ignorar Cândido Portinari. Descendente de alemães e holandeses, que desde o século XIX já trabalhavam com vitrais, Ton Geuer radicou-se no Brasil a partir dos anos 60, vindo da Bolívia. Em Campinas ele instalou seu atelier e oficina, que atende encomendas de vários estados e mesmo de outros países.
No mesmo local, funciona uma escola de artes, onde a técnica refinada dos vitrais é compartilhada com mestres, artesãos e iniciantes de várias origens. Os quase noventa anos de idade não impedem Ton Geuer de trabalhar diariamente, acompanhando todas as etapas de cada trabalho, desde o atendimento inicial, passando pelo desenho e execução das peças. Apenas a montagem, no destino final, é supervisionada por encarregados de confiança.
A equipe de Ton Geuer é completa e conta inclusive com um departamento de marketing, que tem a finalidade de levar o trabalho artesanal dos vitrais ao conhecimento de uma nova geração de arquitetos, decoradores e consumidores finais. Um dos objetivos desta tarefa também é tornar acessível ao investidor comum, um produto artístico que sempre foi associado a uma classe de alto poder aquisitivo. Ou seja: popularizar uma cultura erudita.
A Cruz de Savóia
Quando a Solange e o Marcelo, da Vitrais Ton Geuer, estiveram no escritório deste arquiteto em Paulínia, a empatia foi imediata, impulsionada pelo compartilhamento de visões semelhantes sobre a arte a serviço da construção. No mesmo período havia a encomenda de um projeto que reservasse um local de destaque para a instalação de um vitral feito por Ton Geuer, que a contratante iria retirar de sua atual morada. Segundo ela, as casas passam mas os vitrais ficam, pois evocam memórias afetivas e são tão belos, que são considerados itens de herança.
Desde então, uma espécie de parceria foi firmada, materializada com a encomenda de uma pequena e singela peça que seria colocada num nicho da sala de projeto, iluminada por um domo cuja função também é promover a ventilação natural. Um rascunho foi passado com o desenho da Cruz de Savóia, um símbolo com o qual há profunda identificação, pela clara mensagem de fé e esperança, e pela menção aos imigrantes italianos, que chegaram ao Brasil na mesma época em que a República da Itália se firmava em fins do século XIX.
O resultado não poderia ser melhor. A iluminação zenital desce pelo nicho de tijolinhos aparentes pintados de branco, e passa pelo vitral executado nas cores verde, vermelha e branca, trazendo um sentimento de paz e proteção ao ambiente de trabalho, motivo pelo qual todos que ali chegam logo notam a presença deste objeto de arte, sem saberem que um dia também podem ter, na casa de seus sonhos, um cantinho mergulhado numa atmosfera aconchegante. Para eles, a visita ao site da Vitrais Ton Geuer é logo recomendada.
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