Desenho feito à mão livre, com lapiseira de ponta 0,9mm. Linhas realçadas no processo de digitalização. |
Desenhar sem se preocupar com a escala, ou estar refém de uma lógica de projeto. Rabiscar sem a pretensão de agradar algum cliente e sequer saber qual será o resultado final da brincadeira. A folha estava em branco e tudo começou com o rodapé de uma passagem, que ganhou um arco romano apoiado em pilastras encerradas numa chave central. Depois vieram as paredes divididas por um vértice. Que tal colocar uma escada? E assim uma história ia se contando a cada vinco sulcado no sulfite.
Imagine um guitarrista tocando sem partitura, procurando encontrar um rife agradável aos ouvidos, mesmo que o som não fosse original - e por isso mesmo soasse familiar. O solado é de difícil execução, assim como o corrimão e as grades de proteção do pavimento superior. Mais uma porta, de menor estatura. Um acesso para um porão? Quem sabe. De repente, um respiro. Mas o que ele faz lá em cima? Ninguém sabe. Vai ver se trata de um sótão.
A terceira porta, também de madeira, no canto do que parece ser um mezanino. Isso está virando um cortiço. Vamos pendurar umas roupas para secar. As paredes envelhecidas começam a perder o reboco. Alguém esqueceu a vassoura do lado de fora. Deixaram os sapatos na soleira. Quem será que mora ali? Pelo menos gostam de plantas. Há um vaso com túias e uma jardineira ao lado de um degrau. Temperos? Ervas? É possível. Improvisaram uma calha para recolher água de chuva. Será que misturaram com o esgoto? Não pode ser.
Vamos preencher os espaços. O que falta? Uma luminária. Que tal? Bacana. Vamos por uma janela no cantinho superior. Agora chega. Não dá para fazer mais nada. O desenho tem que ser terminado. Hora de revestir o chão com pedras irregulares, sombrear algumas superfícies e reforçar alguns contornos. Antes que a guitarra desafine, vamos encerrar a "jam session". Qual é o sentimento? É bom? Passa algo positivo? Que nome vamos dar? O lugar não existe, mas evoca uma nostalgia que é real.
Um pátio. O Pátio das Reminiscências! Vamos embora. Hoje é domingo! Chega de desenhar.
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