Todos os anos, no período da Quaresma, entre o Carnaval e a Páscoa, a Igreja Católica, através da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - promove a Campanha da Fraternidade (CF), sempre com abordagens específicas e a adesão de outras denominações religiosas e políticas. Em 2011 o meio ambiente entrou na pauta das discussões através do tema "Fraternidade e a Vida no Planeta", bem como o lema "A criação geme em dores de parto".
Na cidade de Paulínia, esta iniciativa foi lançada oficialmente em evento na Câmara Municipal, com apoio do vereador Custódio Campos aos trabalhos da Igreja Católica de Paulínia e Arquidiocese de Campinas. O plenário principal da casa legislativa reuniu cerca de 300 pessoas no dia 30 de março, entre elas o prefeito José Pavan Junior e a primeira dama Lucila Pavan, o presidente da Câmara Marcos Bernarde, os vereadores Amarildo e Siméia Zanon, os padres Paulo César e Francisco José de Paula, além dos palestrantes principais da ocasião: Toninho Evangelista – secretário da CF Regional Sul e o professor João Vicente – coordenador da CF da Região Metropolitana de Campinas.
O arquiteto Jean Tosetto, na condição de presidente da Comunidade Evangélica Luterana de Nova Odessa e Região, foi convidado para compor a mesa e representar as demais denominações cristãs no evento, de vocação ecumênica. Em sua breve apresentação, Tosetto foi coerente com o caráter ascético da ética protestante, ao salientar o respeito aos mandamentos divinos no quotidiano, como forma de preservar o meio ambiente e buscar o equilíbrio entre a atividade humana e a capacidade do planeta em atender aos anseios capitalistas, que neste princípio de terceiro milênio é baseado no consumo exacerbado de bens e serviços.
Mandamentos
O dia do descanso semanal, por exemplo: para os muçulmanos é na sexta-feira, já para os judeus é no sábado e finalmente para os cristãos é no domingo. São dias para serem santificados, segundo cada crença. Mas a sociedade de mercado transformou o dia do descanso no dia do consumo e do lazer, onde o shopping-center assume o lugar da catedral. Uma única refeição numa lanchonete de fast-food gera mais resíduos do que o almoço preparado em casa para a família toda. O resgate do respeito ao dia do descanso teria um impacto negativo na economia, mas seria de grande benefício para a preservação de recursos naturais, na medida em que ocorre um freio no excesso de consumo. No entanto, quem estaria disposto a pagar esta conta?
Tosetto apontou que outro mandamento, o que prega contra a idolatria, está diretamente relacionado com o combate ao consumo de bens supérfluos. A mídia fabrica ídolos no esporte, no cinema e na música, cuja função principal é promover o materialismo através da publicidade de bens e serviços de necessidade questionável. Qual jogador de futebol, ator de novelas ou cantor popular aparece na TV para vender feijão ou arroz? Na verdade, tais celebridades estão mais associadas aos refrigerantes, bebidas alcoólicas e cigarros, do que outra coisa.
A atual sociedade escrava do consumo desenfreado idolatra inclusive um bem material altamente poluente: o automóvel. Estas máquinas realmente são fascinantes e já trouxeram muitos benefícios às comunidades. Isto não significa que devemos ser dependentes delas para sempre, na visão do arquiteto. Mesmo uma cidade relativamente pequena, como Paulínia, já sofre com uma malha rodoviária sem planejamento, que favorece a ocorrência de engarrafamentos nas principais vias em horários de pico, propiciando a queima desnecessária de combustíveis.
O papel do arquiteto e urbanista
Neste ponto Jean Tosetto, que também é urbanista, solicitou ao prefeito a urgência na solução de uma carência da cidade, que seria a segunda ponte sobre o rio Atibaia no perímetro urbano do município, ligando a região central com os arredores do bairro João Aranha. Por mais paradoxal que isso possa parecer - fazer mais uma via para automóveis - esta proposta significa economia de tempo dos cidadãos dentro do carros, o que seria ótimo para as pessoas e o meio ambiente. Porém, medidas paliativas não podem se sobrepor à mudança providencial de enfoque dos governantes, que é priorizar o transporte coletivo de massa.
Não desperdiçando a rara ocasião de estar defronte às autoridades municipais em evento público, mas sem perder o enfoque no tema da noite, o arquiteto, dirigindo-se ainda ao prefeito José Pavan Junior, frisou a necessidade de contratação de mais fiscais de obras e engenheiros para análise de projetos. Há uma notória deficiência municipal neste quesito. Projetos diversos que demoram para serem aprovados, assim como denúncias de obras clandestinas que não são investigadas com a devida urgência, apenas favorecem à degradação das condições ambientais urbanas, na medida em que a impunidade incentiva os maus empreendedores, que deixam de respeitar diversas normas e posturas civis.
Resgatando um assunto do mandato anterior, o urbanista relatou aos presentes que desenvolveu um projeto de cisterna artesanal para aproveitamento da água de chuva, mais econômico do que o sistema convencional, tendo apresentado a proposta de incentivo de suas construções por parte do poder público - num conselho municipal que depois seria extinto - sem no entanto obter qualquer resposta. A boa notícia é que o prefeito gostou da idéia e comprometeu-se publicamente a encaminhar um projeto de lei que levasse em conta esta e outras propostas semelhantes, como o uso de energia solar para aquecimento da água.
Para não se estender muito em sua fala, Tosetto citou o grande ensinamento de Jesus Cristo, que é amar ao próximo como a si mesmo. Em suas palavras, "se entendermos que o nosso próximo está na geração que vem a seguir, devemos fazer da preservação do meio ambiente uma prova de amor aos nossos filhos e netos".
Visita ao gabinete
Poucos dias após a calorosa participação no lançamento municipal da Campanha da Fraternidade, o arquiteto Jean Tosetto recebeu outro convite, desta vez para uma visita ao gabinete do vereador Custódio Campos, do Partido dos Trabalhadores. A reunião ocorreu na tarde de 11 de abril e foi muito proveitosa. Custódio queria saber mais detalhes sobre o processo de aproveitamento de água de chuva, bem como sobre outras idéias abordadas pelo urbanista em sua apresentação na Câmara Municipal.
O mandato do vereador Custódio Campos vem sendo reconhecido em Paulínia como inovador no que tange ao envolvimento da sociedade civil com os rumos políticos da cidade, abrindo espaço para pessoas com diferentes visões ideológicas, mas com o objetivo comum de querer o melhor para a cidade, cujo termo em grego - pólis - deu origem à palavra "política". Nem todos são adeptos da política partidária - este arquiteto, por exemplo, não possui filiação em qualquer agremiação. Porém, isto não significa que as pessoas devem se ausentar dos debates, pois quando fazem isso, deixam os espaços vagos para gente nem sempre bem intencionada.
As cidades precisam de pessoas dispostas a colaborar com idéias numa frente complementar ao trabalho efetuado pelos vereadores, secretários do poder executivo e prefeitos. Empresários, profissionais liberais e funcionários, de um modo em geral, só conseguem ser úteis para a sociedade quando, além de resolverem suas questões imediatas, participam da solução de problemas exteriores aos seus domínios particulares.
Na cidade de Paulínia, esta iniciativa foi lançada oficialmente em evento na Câmara Municipal, com apoio do vereador Custódio Campos aos trabalhos da Igreja Católica de Paulínia e Arquidiocese de Campinas. O plenário principal da casa legislativa reuniu cerca de 300 pessoas no dia 30 de março, entre elas o prefeito José Pavan Junior e a primeira dama Lucila Pavan, o presidente da Câmara Marcos Bernarde, os vereadores Amarildo e Siméia Zanon, os padres Paulo César e Francisco José de Paula, além dos palestrantes principais da ocasião: Toninho Evangelista – secretário da CF Regional Sul e o professor João Vicente – coordenador da CF da Região Metropolitana de Campinas.
O plenário da Câmara Municipal de Paulínia foi ocupado em sua plenitude. |
O arquiteto Jean Tosetto, na condição de presidente da Comunidade Evangélica Luterana de Nova Odessa e Região, foi convidado para compor a mesa e representar as demais denominações cristãs no evento, de vocação ecumênica. Em sua breve apresentação, Tosetto foi coerente com o caráter ascético da ética protestante, ao salientar o respeito aos mandamentos divinos no quotidiano, como forma de preservar o meio ambiente e buscar o equilíbrio entre a atividade humana e a capacidade do planeta em atender aos anseios capitalistas, que neste princípio de terceiro milênio é baseado no consumo exacerbado de bens e serviços.
Mandamentos
O dia do descanso semanal, por exemplo: para os muçulmanos é na sexta-feira, já para os judeus é no sábado e finalmente para os cristãos é no domingo. São dias para serem santificados, segundo cada crença. Mas a sociedade de mercado transformou o dia do descanso no dia do consumo e do lazer, onde o shopping-center assume o lugar da catedral. Uma única refeição numa lanchonete de fast-food gera mais resíduos do que o almoço preparado em casa para a família toda. O resgate do respeito ao dia do descanso teria um impacto negativo na economia, mas seria de grande benefício para a preservação de recursos naturais, na medida em que ocorre um freio no excesso de consumo. No entanto, quem estaria disposto a pagar esta conta?
Tosetto apontou que outro mandamento, o que prega contra a idolatria, está diretamente relacionado com o combate ao consumo de bens supérfluos. A mídia fabrica ídolos no esporte, no cinema e na música, cuja função principal é promover o materialismo através da publicidade de bens e serviços de necessidade questionável. Qual jogador de futebol, ator de novelas ou cantor popular aparece na TV para vender feijão ou arroz? Na verdade, tais celebridades estão mais associadas aos refrigerantes, bebidas alcoólicas e cigarros, do que outra coisa.
A atual sociedade escrava do consumo desenfreado idolatra inclusive um bem material altamente poluente: o automóvel. Estas máquinas realmente são fascinantes e já trouxeram muitos benefícios às comunidades. Isto não significa que devemos ser dependentes delas para sempre, na visão do arquiteto. Mesmo uma cidade relativamente pequena, como Paulínia, já sofre com uma malha rodoviária sem planejamento, que favorece a ocorrência de engarrafamentos nas principais vias em horários de pico, propiciando a queima desnecessária de combustíveis.
O secretário municipal do meio ambiente, Ricardo Ferro, cumprimenta os membros da mesa. |
O papel do arquiteto e urbanista
Neste ponto Jean Tosetto, que também é urbanista, solicitou ao prefeito a urgência na solução de uma carência da cidade, que seria a segunda ponte sobre o rio Atibaia no perímetro urbano do município, ligando a região central com os arredores do bairro João Aranha. Por mais paradoxal que isso possa parecer - fazer mais uma via para automóveis - esta proposta significa economia de tempo dos cidadãos dentro do carros, o que seria ótimo para as pessoas e o meio ambiente. Porém, medidas paliativas não podem se sobrepor à mudança providencial de enfoque dos governantes, que é priorizar o transporte coletivo de massa.
Não desperdiçando a rara ocasião de estar defronte às autoridades municipais em evento público, mas sem perder o enfoque no tema da noite, o arquiteto, dirigindo-se ainda ao prefeito José Pavan Junior, frisou a necessidade de contratação de mais fiscais de obras e engenheiros para análise de projetos. Há uma notória deficiência municipal neste quesito. Projetos diversos que demoram para serem aprovados, assim como denúncias de obras clandestinas que não são investigadas com a devida urgência, apenas favorecem à degradação das condições ambientais urbanas, na medida em que a impunidade incentiva os maus empreendedores, que deixam de respeitar diversas normas e posturas civis.
Resgatando um assunto do mandato anterior, o urbanista relatou aos presentes que desenvolveu um projeto de cisterna artesanal para aproveitamento da água de chuva, mais econômico do que o sistema convencional, tendo apresentado a proposta de incentivo de suas construções por parte do poder público - num conselho municipal que depois seria extinto - sem no entanto obter qualquer resposta. A boa notícia é que o prefeito gostou da idéia e comprometeu-se publicamente a encaminhar um projeto de lei que levasse em conta esta e outras propostas semelhantes, como o uso de energia solar para aquecimento da água.
O prefeito José Pavan Junior responde ao arquiteto Jean Tosetto sobre a proposta para aproveitamento das águas pluviais. |
Para não se estender muito em sua fala, Tosetto citou o grande ensinamento de Jesus Cristo, que é amar ao próximo como a si mesmo. Em suas palavras, "se entendermos que o nosso próximo está na geração que vem a seguir, devemos fazer da preservação do meio ambiente uma prova de amor aos nossos filhos e netos".
Visita ao gabinete
Poucos dias após a calorosa participação no lançamento municipal da Campanha da Fraternidade, o arquiteto Jean Tosetto recebeu outro convite, desta vez para uma visita ao gabinete do vereador Custódio Campos, do Partido dos Trabalhadores. A reunião ocorreu na tarde de 11 de abril e foi muito proveitosa. Custódio queria saber mais detalhes sobre o processo de aproveitamento de água de chuva, bem como sobre outras idéias abordadas pelo urbanista em sua apresentação na Câmara Municipal.
O mandato do vereador Custódio Campos vem sendo reconhecido em Paulínia como inovador no que tange ao envolvimento da sociedade civil com os rumos políticos da cidade, abrindo espaço para pessoas com diferentes visões ideológicas, mas com o objetivo comum de querer o melhor para a cidade, cujo termo em grego - pólis - deu origem à palavra "política". Nem todos são adeptos da política partidária - este arquiteto, por exemplo, não possui filiação em qualquer agremiação. Porém, isto não significa que as pessoas devem se ausentar dos debates, pois quando fazem isso, deixam os espaços vagos para gente nem sempre bem intencionada.
O assessor parlamentar Rogerio Novaes, o arquiteto Jean Tosetto e o vereador Custódio Campos, ante o poster da presidente do Brasil, Dilma Rousseff. |
As cidades precisam de pessoas dispostas a colaborar com idéias numa frente complementar ao trabalho efetuado pelos vereadores, secretários do poder executivo e prefeitos. Empresários, profissionais liberais e funcionários, de um modo em geral, só conseguem ser úteis para a sociedade quando, além de resolverem suas questões imediatas, participam da solução de problemas exteriores aos seus domínios particulares.
Fotografias no plenário da Câmara Municipal de Paulínia:
Edgar Castellon - publicadas originalmente nos sites
Fotografia no gabinete de Custódio Campos:
cortesia de Dilcéia Godoy
Caro amigo Jean!
ResponderExcluirSua contribuição ao evento foi memorável. Ter trago novos pensamentos, projetos e visão teológica muito nos enriqueceu.Foi motivo de orgulho poder participar do conjunto do evento.
Abraço!
Valeu Jean, é assim que devemos agir, sempre pensando no bem comum, assim é uma Associação, se todos os Profissionais que tivessem uma oportunidade agissem desta maneira com certeza conseguiríamos atingir nossos objetivos. Infelizmente a maioria fica esperando o Presidente ou pior quando tem a oportunidade pensa somente nele, é o individualista...
ResponderExcluirA Associação de Engenheiros e Arquitetos de Paulínia já ofereceu uma parceria para a Prefeitura de Paulínia na qual forneceriamos no mínimo dois Profissionais para atuar na análise de projetos, porem nada aconteceu até agora.
Um abraço
Eng. Valdir Zarpelon
Caro Valdir,
ResponderExcluirTambém falei sobre a AEAP no meu pronunciamento. Inclusive pedi para que os engenheiros e arquitetos da platéia se levantassem. Estavam lá o Alex e o Emerson.
Logo após o evento, me despedi do Prefeito Pavan, informando que era membro da Associação e que a mesma estava ao seu dispor na cidade de Paulínia.
Estamos juntos. Grande abraço!
Jean Tosetto