JeanTosetto.com: A nova Avenida Mackenzie liga Campinas ao Primeiro Mundo

A artéria viária mais moderna da Região Metropolitana de Campinas possui sete quilômetros de extensão, ligando a Rodovia Dom Pedro ao Distrito de Souzas.

O projeto bem sucedido da ampliação da Avenida Mackenzie em Campinas confirma que as parcerias entre a iniciativa privada e o poder público devem ser parte essencial para o planejamento das cidades, ao permitirem a atuação de arquitetos e urbanistas neste processo.

Por Jean Tosetto

Quando empresários do segmento imobiliário fizeram a proposição para aprovação de um grande empreendimento residencial e comercial nas proximidades do Distrito de Souzas em Campinas, a Prefeitura Municipal pediu uma contrapartida, firmada num termo de compromisso para a expansão da Avenida Alexandre Mackenzie, criando um novo acesso à referida localidade a partir da Rodovia Dom Pedro, favorecendo, também, os moradores do Distrito de Joaquim Egídio.

Ao custo privado de 62 milhões de reais, divididos entre as empresas Rossi, Grupo Garnero e THCM, a obra de grande porte foi executada em tempo hábil, com valores controlados - diferentemente do que costuma ocorrer com os investimentos públicos brasileiros, quase sempre reajustados durante a execução dos projetos, em cronogramas com prazos estourados.

A inauguração do novo trecho da Avenida Mackenzie (que recebeu o nome de Isaura Roque Quércia, mãe do ex-prefeito de Campinas, ex-governador e senador por São Paulo, Orestes Quércia) ocorreu em 08 de junho de 2015, pouco mais de três anos depois do termo de compromisso firmado entre o poder público e a iniciativa privada, que por sua vez contratou o escritório de urbanismo Comurb para planejar, tanto o empreendimento EntreVerdes, como a expansão da importante via arterial.

A avenida de mão dupla comporta até três carros emparelhados em casa sentido, uma ciclovia central e passeios laterais para pedestres, devidamente iluminados. Ao todo são 126.000 metros quadrados de pavimentação asfáltica.

Áreas de descanso foram distribuídas ao longo do percurso e algumas vão receber pontos de ônibus em lugares estratégicos, além de monitoramento por câmeras.

Por situar-se numa APA - Área de Proteção Ambiental - a Avenida Mackenzie conta com passagens subterrâneas para animais silvestres e drenagem de águas pluviais, cujo fluxo é disperso por pedras intercaladas, coibindo a formação de erosões nas margens das pistas.

O contorno semicircular de uma nascente, cujo raio é definido por lei, funciona também como indutor de redução de velocidade ao fim de uma grande reta, sem o uso de lombadas ou aparelhos de radar.

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De acordo com Alan Cury, arquiteto e urbanista da Comurb e presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em Campinas, "a avenida irá chegar até a Mario Garnero, rua que permeia o Rio Atibaia. Só não está pronta ainda por cronograma de obras. Naquele trecho ainda circulam muitas máquinas pesadas." Quando esta perna final da via, de apenas dois quilômetros, for concluída, a Avenida Heitor Penteado, principal ligação entre os Distritos de Souza e Joaquim Egídio ao centro de Campinas, será desafogada.

A conclusão desta obra aponta também a futura necessidade de pavimentação da estrada vicinal que liga o Distrito de Souzas à cidade de Pedreira, já no Circuito das Águas de São Paulo, aumentando o potencial turístico de toda a região, criando uma alternativa viável para ligação entre os municípios, sem a necessidade de passar por Jaguariúna - e consequentemente por rodovia com pedágio.

A paisagem é convidativa para a realização de caminhadas, mesmo que seja na ciclovia central. Quando as 9.500 mudas de espécies nativas crescerem, teremos uma verdadeira avenida em forma de parque.

O canteiro central da avenida é alargado em intervalos irregulares, quebrando a monotonia de vias convencionais, com larguras padronizadas em todo o trajeto.

Portaria do empreendimento EntreVerdes, que comportará 20 condomínios internos, com lotes a partir de mil metros quadrados cada e testada mínima de 24 metros.

Tivemos a oportunidade de percorrer a nova Avenida Isaura Roque Quércia de ponta a ponta no dia 21 de junho de 2015, poucos dias após a liberação do tráfego. Trata-se de um via prazerosa para guiar, com velocidades limites variando entre 40 e 70 quilômetros horários. É interessante notar que o traçado sinuoso, com curvas de raios bem desenhados, nos induz a dirigir com velocidade moderada, sem a necessidade de lombadas ou radares eletrônicos - restando saber se esta situação irá permanecer, a depender da atitude de nossos colegas motoristas.

A paisagem é realmente notável e casa bem com a topografia de suaves variações. Como se trata de uma área de preservação ambiental, dificilmente esta avenida receberá vias transversais no futuro, além das poucas que já existem, preservando sua fluidez. Em poucos anos a intensa arborização lindeira se mesclará com o paisagismo adotado no projeto e Campinas ganhará um interessante parque linear, ideal para ciclistas e pedestres.

Tudo poderia ser bem diferente, se a cidade tivesse que esperar por uma providência do próprio poder público. Certamente os alambrados cercando toda a avenida não seriam instalados, para proteger a fauna e a flora local. E provavelmente não teríamos a participação de um competente escritório de urbanismo para coordenar todo o projeto, evitando a pasteurização das soluções adotadas.

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